A confusão entre ócio e ociosidade
A confusão entre ócio e ociosidade não é exclusiva da contemporaneidade; tem uma razão histórica cujas raízes, na cultura ocidental, remontam ao século XVII e, sobretudo, às ideias que se desenvolveram no Século das Luzes. No mundo clássico, o ócio relacionava-se com a virtude; enquanto a ociosidade estava associada à arte divina da preguiça, il dolce far niente, desocupação, despreocupação e passividade. Assim foi entendido, sensivelmente, até que os múltiplos pronunciamentos filosóficos, éticos ou morais realizados pelo Iluminismo o mudaram. Em face do novo ideal de ação útil, esta entendida como produtividade e superação de si mesmo, o ócio e a ociosidade transformaram-se em conceitos opostos ao progresso a que se aspirava e, ambos ao mesmo tempo, símbolos de um mal que convinha combater. Alguma coisa disso permanece, como pode constatar.
Fotografía: Ildefonso Grande Esteban.
Texto: Manuel Cuenca Cabeza, Sentido del ocio a lo largo de la vida, Publicaciones de la Universidad de Deusto, Bilbao, 2023.
Traducción: María Manuel Baptista.