As bases do Ócio Autotélico

Aristóteles e as bases do Ócio Autotélico

O ócio autotélico possui sua raiz na tradição clássica no pensamento aristotélico. Em uma época de crise na qual a falta de trabalho é uma das preocupações fundamentais dos cidadãos, ainda assim falar sobre ócio se mostra oportuno, tanto porque se trata de um tema de interesse social, como porque – mesmo que possa soar estranha – a afirmação “a civilização ocidental é filha do ócio” (SEGURA; CUENCA, 2007, p. 11) é, de fato, uma verdade esquecida. O ócio clássico foi uma realidade que propiciou o desenvolvimento do conhecimento e da educação, criando os fundamentos do desenvolvimento das ciências e do conhecimento racional.

A limitação desta página me leva a centrar-me no que poderíamos considerar como a raiz nuclear do ócio autotélico. Essa raiz é o pensamento de Aristóteles, um dos mentores da filosofia helenística e do pensamento clássico posterior. Aristóteles afirmava que o ócio é o princípio de todas as coisas, uma vez que ele se volta para alcançar o fim supremo do homem, que é a felicidade (ARISTÓTELES, 1988).

O termo grego skholé – do qual derivaram o termo latino schola e seus afins – fazia referência à ocupação e ao estudo, aqui entendidos em seu sentido mais nobre, como exercício da contemplação intelectual do belo, do verdadeiro e do bom. Posto isso, o ócio de que tratava Aristóteles se referia à ação humana não utilitária, através da qual a alma alcança sua mais alta e distinta nobreza, o horizonte adequado para tornar real a felicidade que é própria do homem enquanto ser dotado de inteligência e liberdade.

A importante elaboração conceitual do ócio clássico presente no pensamento de Aristóteles teve e segue tendo uma influência transcendental. Como assinala Maria Luisa Amigo (2008) sobre o referido pensador, “convergem em Aristóteles o interesse por todas as dimensões da experiência humana e a análise detida que ele realiza sobre os temas aos quais se volta” (p. 107). Nas páginas que se seguem, abordaremos três fundamentos essenciais do seu modo de entender o ócio autotélico: a orientação para a felicidade, a autonomia como âmbito diferenciado e, finalmente, o exercício da inteligência

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. Política. Madrid: Gredos, 1988.
SEGURA; CUENCA, 2007, El ocio en la Grecia clásica. Bilbao: Universidad de Deusto 

 

Saber mais:      Manuel Cuenca Cabeza O ócio autotélico REVISTA DO CENTRO DE PESQUISA E FORMAÇÃO / maio 2016

https://www.sescsp.org.br/files/artigo/f0424b9b-7e21-4e59-a24f-9dd945f7c200.pdf

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